Redes sociais, o aprendizado e as interações perdidas e achadas


Sim que a vida digital trouxe uma série de vantagens em nossas vidas. Posso ser jurássica e em muitos casos, ainda analógica, mas amo uma interação social e profissional virtual. Um dos grandes locais onde conheci vários amigos super queridos, profissionais, que tanto me acrescentaram, foi o grupo de Arquitetura do Yahoo. Lembro até hoje quando li em uma revista de arquitetura sobre ele, me inscrevi e lá estava eu no meio de debates de todas as matizes e locais. Por isso senti profundamente quando os grupos daquela plataforma foram extintos. 


Por sorte, também sou acumuladora em redes virtuais. Meu espaço de email guarda uma série de debates desde 2005. Às vezes volto a eles e constato o quanto tem de assuntos relevantes, inclusive para os dias atuais.

Fazendo uma breve reflexão tendo a pensar que, nesses 15 anos de interação virtual e convivência em redes, perdemos muito em profundidade de debates, embora tenhamos crescido em possibilidades. Lógico que falo do geral. No particular sempre vão existir canais para análises mais aprofundadas. Mas o que se constata, e não só eu, que muitas das conversas passam por memes, assuntos gerais por alto e uso de emojis e emoticons.

 Voltamos a nos comunicar por hieróglifos.  


Mas comunicação é comunicação. Não importa se na mesa de um boteco, na sala de aula ao vivo, nas trocas por cartas ou ainda nas telas de lives e encontros virtuais. A vida se faz de encontros e trocas. Inclusive nas profissões. Por mais correto e belo que seja um projeto, ele não vai existir sem gente que o habite. 

É a risada das crianças que bagunçam uma sala que faz com que ela alcance a maestria. 

É o amor apaixonado de enamorados que faz com que os quartos adquiram magia. 

É a combinação de mãos e ingredientes que faz com que as cozinhas exalem harmonia

É a poesia que constrói a utopia! 


Grupos extintos, debates presentes. A interface se foi. Ficamos nós, nosso aprendizado e nossa consciência.

Me permitam resgatar dois textos breves de colegas em debates no grupo lá pelos anos de 2005/2007. Eles falam exatamente disso. Entre fatos e aprendizados, a arquitetura se faz de pensamentos e concepções.

Se bela ou funcional, ou as duas, que julgue a sociedade e quem dela usufrui.

As redes e as interações virtuais apenas repetem a vida real. Quem a executa somos nós, seus protagonistas. 

Debates da lista Arquitetura do Yahoo

Acho que tem a ver, e o usuários não tem nem que refletir sobre ser interface, pois isso não interessa ao sujeito comum que não se relaciona com a teoria e a prática da comunicação (mais no sentido de informação densa), por mais que mande emails e use whatzapp. Porque não precisa ter consciência de interface? Porque ele já sabe usar as interfaces para chegar às finalidades, é pra isso que elas servem, pra serem usadas.

Volto pra arquitetura. É interface mas não só. No fundo qualquer coisa é interface, se lida como tal, por ser suporte de escrita-leitura semiótica. Tudo é interface. Vi outro dia uma fala do Virillio no Youtube, e ele dizia que só há a interface, pois existe no sujeito uma essência intangível e a realidade é também um fenômeno intangível, ou dois seres no fundo são dois fenômenos de essências intangíveis um para o outro, e o conhecer/dar-se a conhecer e tentar comunicar, e tentar comunicar já imprime um grau de imprecisão, uma vez que pegamos algo que é sensação e saber-se lá desse poço do intangível para tentar exprimir isso de maneira mais ou menos codificada. Daí que qualquer comunicação ocorre numa superfície invisível que suporta as trocas, entre dois ou mais entes, e isso é o conceito de interface.

Ainda na arquitetura. Então ela é interface. A diferença entre ela e uma laranja que está lá na árvore é que imprimimos intenções humanas na arquitetura. Ela é fruto da cultura. Na laranja quem imprime as intenções é a natureza através da própria laranja (espécie) que segue buscando permanecer existindo. Mas ser interface não faz de uma construção Arquitetura. Pra mim arquitetura é uma coisa maior que a construção, é quando ela chega à esfera da arte, que transcende a mera comunicação. Pense numa foto. Se ela comunica, é uma boa foto de foto jornalismo, porque é uma imagem que fala na mesma modulação de um texto. Mas se ela transcende a comunicação, tornando-se poética, ou causando vertigens sensoriais, enfim, causando estranhamento sensível, daí é arte (em Hegel é assim, por exemplo). Neste caso, ela independe da fala na mesma modulação de um texto, pois ela canta.

Pra mim, arquitetura precisa fazer mais do que comunicar. Se ela só comunica algo, ela ainda é mecânica --- dentro da perspectiva de uma mecânica da comunicação. Gosto de pensá-la indo além.

E quando a arquitetura canta ainda é interface, porque tudo é interface. Mas essa interface é transcendente, porque ela vai falar com o sujeito lá onde ele é um fenômeno intangível, naquela sua essência pré-linguagem. Há uma interface que é a superfície de contato entre dois meios, mas acredito que a arte mesmo, quando acontece, ela fura esta superfície de contato em direção ao meio invadido por ela. A arte, através da interface, se desdobra em vetor sensível a permear e contaminar o meio que com ela se relaciona, seja esse meio um sujeito ou um espaço.

Louco isso né? Nunca tinha escrito assim, vou até guardar, rs.

Abraços!

HENRIQUE DE CARVALHO"

"É, no abstrato, claro, ninguém é vidente...

Nisto nossa profissão não difere das demais, empatamos com toda a humanidade, e como todos os demais, só nos resta almejar propiciar o melhor. 

Ao fazê-lo uns vão considerar mais coisas que outros, é natural e esperável, pois depende da capacidade de cada qual, entretanto, no concreto pode-se ter certeza de que enquanto houver um amanhã, o sol continuará nascendo a leste para todo mundo e todos os janelões, entre outras cositas... 

Oscar

"Há duas formas de viver a vida:
Uma é acreditar que não existem milagres,
outra é acreditar que todas as coisas são milagres"
A. Einstein

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