Arquitetura como expressão do otimismo

"Arquitetura é um ato de otimismo." - Nicolai Ouroussoff 
Fico imaginando os primeiros seres que mais que se abrigarem em um refúgio, começaram a olhar com mais apuro para o espaço. Quem sabe se a fogueira ficar mais perto da entrada, a gente não vai se sufocar aqui dentro? Se o local de preparar a comida ficar mais isolado do local onde a gente se alivia das necessidades naturais parece mais limpinho...e esta parede, está tão vazia, uma imagem da caçada podia tornar o ambiente mais bacana.

Daí para se pensar em cavernas individuais, um espaço para cada família, um compartimento para cada pessoa, passaram alguns milhares de anos em que as necessidades humanas foram mudando de acordo com as sociedades e seus costumes e valores.


Se os egípcios e romanos gostavam de se banhar, seja no rio Nilo, seja em termas públicas, os da chamada idade média já se amontoavam em espaços únicos. Estudar as funções dos espaços ao longo dos tempos é ter uma ideia mais clara de como os seres humanos se organizam. 

Até chegarmos aos nossos dias altamente tecnológicos, onde podemos conectar nossos objetos domésticos à controladores que obedeçam ao nosso comando de voz. Televisão do fulano, coloque um filme que me faça rir. Geladeira do beltrano, só me ofereça comida saudável, mesmo que eu cancele a ordem, coloque minha saúde em primeiro plano. 



Seguimos as tendências gerais para criar ambientes que mais que funcionais, espelhem nossas preferências de vida. Até que ponto eles refletem as nossas reais necessidade? Ou são mais para consumo externo? Acham graça? Tem oferta de fundo falso com livros para as lives dos novos tempos de isolamento social. 

E com mais pessoas dentro de casa, mais o olhar se torna atento para o que falta realmente. Aquele sofá lindão que só usávamos no fim de semana, se torna o incomodo assento de todo dia. Branco é lindo, mas como suja...este encosto não é tão cômodo para trabalhar. Haja alongamento para melhorar as torturas de sentar de lado para ver maratonas de séries...


Cozinhas que não são práticas. Dormitórios que não são aconchegantes. Locais de trabalho que falta luz direta. Quantos detalhes somos capazes de perceber quando somos obrigados a permanecer nos ambientes por mais tempo. Só nós.


Limpar, organizar, usar. Nada mais factível de gerar um bom projeto. Saber com clareza as reais necessidades e não as que são geradas de fora para dentro.

Tudo bem, mas e onde entra o otimismo????

Justamente na análise do que existe e na síntese da proposta de novas soluções, melhores, mais práticas, mais belas.

Linbeskind nos fala de fascinação, de como a arquitetura é feita de otimismo já que aponta soluções de futuro e mudanças. É feita de expressividade com espaços que falam, não apenas são visíveis, mas que ajudam a transpor o abismo da história ao criar algo que nunca foi feito antes.


Fazer algo que nunca foi feito antes se enquadra como uma luva para os tempos atuais. Talvez estejamos no limiar de uma mudança em nossos próprios conceitos de espaço e morar. Talvez o tempo que paramos nos leve a reconhecer outras prioridades que nos levem à outras conclusões de como nos relacionar com o mundo e os espaços que ajudamos a criar para nós mesmos. 



Imagens : Pixabay

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