Ninho de amor

Recantos para namorar - sofá com fotografia na parede
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Há muitos anos li um livro saboroso chamado Fragmentos de um discurso amoroso de Roland Barthes. É desses livros que a gente lê aos poucos, saboreando cada palavra, cada definição, cada vírgula e sem querer vai comparando com as que a gente fez e faz pela vida. Aos que tiveram muitos amores, eles se apresentam de tantas formas. Cada amor é único. Aos que tiveram a sorte de encontrar sua alma gêmea logo, também sabem que nem sempre se ama com a mesma intensidade todos os dias. Talvez sábio seja viver as diversidades amorosas como se fossem as descobertas da leitura. Com mente aberta, com bom humor e com criatividade.  

Com os ninhos de amor também não é diferente. Ninho de amor é todo local onde podemos amar. Amar o parceiro ou a parceira, amar a nós mesmos, amar a leitura, amar um hobby, amar a Vida.

Escrivaninha reciclada
Que é que eu penso sobre do amor? — Em suma, não penso nada. Bem que eu gostaria de saber o que é,mas estando do lado de dentro, eu o vejo em existência, não em essência. O que quero conhecer (o amor) é exatamente a matéria que uso para falar (o discurso amoroso). A reflexão me é certamente permitida, mas como essa reflexão é logo incluída na sucessão das imagens, ela não se torna nunca reflexividade: excluído da lógica (que supõe linguagens exteriores umas às outras), não posso pretender pensar bem. Do mesmo modo, mesmo que eu discorresse sobre o amor durante um ano, só poderia esperar pegar o conceito “pelo rabo”: por flashes, fórmulas, surpresas de expressão, dispersos pelo grande escoamento do Imaginário; estou no mau lugar do amor, que é seu lugar iluminado: “O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada”.” 
R. Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso, p. 50.
quartos para namorar
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O gosto que tenho pela leitura é semelhante ao gosto que tenho pela arquitetura. Nas duas me fascina a descoberta, a possibilidade de imaginação. A porta que se abre para que a mente veja o além.

Não importa se é um móvel, um ambiente, um prédio. O espaço que ele encerra é amplo de magia. É repositório dos sonhos de alguém.  

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Dormitório com luzes na cabeceira
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Cruzo-me, ao longo da minha vida, com milhares de corpos; desses milhares posso desejar umas centenas; mas, dessas centenas, não amo senão um. O outro por quem estou apaixonado mostra-me a especialidade do meu desejo. (…) Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas tentativas), para que eu encontrasse a imagem que, entre mil, convém ao meu desejo. Aí está um enigma cuja solução jamais conhecerei: por que razão desejo eu aquele Tal?
BARTHES, Roland. Fragmentos de um Discurso Amoroso

Cama no chão
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Cada um desses ninhos de amor aqui colocados falam de carinho. Falam de ambiente bom de ficar. Falam de aconchego. Mais que tendência, mais que moda, amor é permanência. Amor é persistência. Amor é colocar para fora aquilo que em nós é essência. 

Um colchão jogado ao chão, um jogo de luzes, um movimento de colchas, corações de recordação. Detalhes. Arquitetura é feita de detalhes. De sutilezas. De intenções. Assim como o amor. Arquitetura é feita de conceitos. Sem eles é qualquer outra coisa, menos arte. Amor sem conceito até pode ser bom, mas não é sublime.


É isso, seu ninho tem que expressar o seu amor. Tem que dizer alguma coisa, tem que falar emoção.






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