Piquenique no MAM, Flores Raras e arquitetas invisíveis

Essa semana vou participar de um piquenique nos jardins do MAM no Rio de Janeiro. Vamos aprender mais sobre o balanço energético, ou como se dá esse equilíbrio entre as calorias que a gente põem para dentro e as que saem. É um projeto do Viva Positivamente e quem vai nos dar umas aulas legais são os doutores Victor Matsuo e Claudia Cravo. Com certeza será um dia super agradável e eu vou falar sobre ele em uma outra postagem.
MAM - RIO


Por enquanto estou sonhando em conhecer os jardins projetados por Burle Marx (sim, eu nunca passeei a pé por eles, o máximo que fiz foi visitar o monumento aos pracinhas - e isso quando eu tinha dez anos (!!!).


Apresentação de Projeto - Aterro do flamengo from Megumi Nishimori

O projeto do Parque do Flamengo, também conhecido como Aterro do Flamengo, e as obras que nele constam fazem parte da história do urbanismo e arquitetura do Brasil. Por isso, ao assistir recentemente ao filme Flores Raras, fiquei surpresa ao conhecer uma mulher que fez parte da história da construção do Parque e da qual eu nunca tinha ouvido falar. Quem seria Lota Macedo Soares no cenário arquitetônico brasileiro? Eu nunca tinha ouvido falar nela e para mim a autoria dos projetos do Parque do Flamengo eram de outros arquitetos, todos homens, é obvio. Onde estariam as referências à Sergio Bernardes, Affonso Eduardo Reidy e Roberto Burle-Marx? Fui pesquisar e achei mais estranhamentos de outros arquitetos que podem ser vistos nos dois artigos cujos links coloco aqui: Flores raras e banalíssimas e A arquitetura do Rio de Janeiro vai ao cinema. Vemos que o filme adotou sim liberdades poéticas para valorizar a personalidade de Lotta na sua história de amor com a poeta americana Elizabeth Bishop.
 
Elizabeth Bishop e Lotta de Macedo Soares

Mas, se ela não era arquiteta de formação acadêmica e sim autodidata, que papel na realidade teve Lotta na história de um espaço que tanto enriqueceu a cidade? A urbanização do aterro do Flamengo já fazia parte de antigos projetos urbanísticos da cidade quando assumiu o governador Carlos Lacerda. (Um adendo, pessoalmente não gosto do papel desse personagem na história do Brasil, mas essa é outra história). Lacerda, que era amigo de Lotta, a chama para a coordenação do projeto do parque. Havia intenções de usar essa área como grandes pistas de carros e ela bateu pé junto ao governador e dizia que:

 “Um simples corredor para carros poderá se transformar numa imensa área arborizada e acabará se convertendo num símbolo para a cidade” (fonte).  

Além dessa visão estratégica de um futuro que se tornou verdadeiro, o parque se tornou referência paisagística já que, segundo Ivete Farah, pela primeira vez se usaram cerca de três dezenas de novas espécies nativas e exóticas no país. Lotta não projetou, mas executou. Esteve a frente na concepção da ideia e na coordenação das equipes de profissionais que construíram o parque. Não é pouco. Para uma mulher na década de 50 diria que é muito. Porque então eu nunca ouvi falar dela na faculdade de Arquitetura?

E assim chego ao terceiro mote do que me chamou a atenção. Esses dias descobri uma página no face chamada arquitetas invisíveis. Ela fala justamente sobre o fato de que "Mulheres são como fantasmas na arquitetura moderna: presentes em todos os lugares, cruciais, mas, estranhamente, invisíveis." Eu mesma já falei sobre essa desigualdade de tratamento AQUI.

Não é apenas Lotta que não é falada. A história das mulheres na arquitetura parece ser contada pela metade. Ou menos que isso. E pouco me importa se Lotta tinha diploma ou não, ela era precursora, teve um papel atuante que merece ser mais estudado. Ela e outras profissionais que atuam em forma dinâmica e tantas vezes ficam anônimas para a história. 

Então, fechando o raciocínio, vemos que na vida profissional é também necessário um balanço energético. Mulheres gastam tanta energia e aplicação quanto homens e continuam fora do equilíbrio do reconhecimento. 

Equilíbrio, uma palavra básica, de fácil entendimento e tão difícil de alcançar na prática. Espero aprender mais sobre ela no piquenique nos jardins do MAM. Espero encontrá-la mais seguido na vida.

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