Armadilhas do bem - fomentando o gosto pelos livros

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Recebi esse comentário do colega Arquiteto Oscar Muller a respeito do post sobre livros e o seu local nas nossas casas e achei tão interessante que rendeu um novo post. Olhem o que ele escreveu: 


Veja que curioso:

Na casa dos meus avós, onde passei muito tempo na minha infância, também havia uma estante parecida. Diferia da do Reeps por ser branca, mas também tinha três prateleiras baixas, que circundavam duas das paredes na sala de estar.

O descortinar daqueles livros, bem na altura dos olhos, tão certinhos e organizados em grupos com a mesma cor e tamanho, talvez seja uma das mais antigas memórias que guardei. 

Havia em um canto alguns exemplares com os quais me permitiam brincar, e antes de ler, eu os usava como blocos de brinquedo, empilhando e espalhando...

Imagino que tenha sido um passo natural, ir da fascinação pelo colorido das capas duras, à curiosidade pelo conteúdo, naquele então absolutamente mágico e incompreensível.

Minha avó contava que eu quedava horas calado entre os volumes, e minha mãe que não soube como aprendi a ler, mas o fato é que certo dia se surpreendeu, quando comecei a fazer perguntas sobre dizeres de cartazes e placas que via na rua.

Sempre lembrava da primeira ocasião, dizendo que quase provocou um acidente quando perguntei de dentro do fusca, apontando para um posto Esso: "Mãe, o que quer dizer 3 sso?"

Esperta, comprou uma coleção do Monteiro Lobato, e uma do Júlio Verne, que foram acomodadas na tal estante, ao lado de outra do Malba Tahan. Foram meus 3 primeiros autores, e desta época só guardo lembrança do que senti quando terminei o segundo volume dos "Douze Trabalhos de Hércules": um misto de orgulho por ter dado cabo de tarefa tão longa, e tristeza por ter acabado a coleção...

Percebo agora, a partir do seu relato, que estas estantes baixas funcionaram como armadilhas (do bem), por expôr na altura dos nossos olhos aquela infinidade de volumes alinhados!

Não havia me dado conta da relação entre o precoce gosto que adquiri pela leitura, e o desenho da estante, mas agora aposto nesta relação, e daqui para frente vou tentar incorporar estantes assim nos meus projetos residenciais, sempre que possível.

Talvez poucas sejam utilizadas para acomodar livros ou discos, pois não falta muito para um simples tablet substituir a coisa toda, mas sempre serão suporte de estímulos variados para todas as crianças que venham a habitar estes espaços.

Oscar Müller 



E agora percebam esses exemplos de bibliotecas para quartos infantis que peguei numa rápida pesquisa na internet. E vejam a diferença para a figura lá de cima. Não que sejam feias, longe disso. Não que não sejam de todo apropriadas, mas reparem que poucas estão ao alcance de mãos infantis e até para alcançar as prateleiras lá de cima vai  ser necessário o auxilio de um adulto ...alto. E guardo comigo uma lembrança do que é guardar algo bom longe de nossas mãos. Ao buscar um ninho de Páscoa no alto de um armário, com um banco de penteadeira, caí (aos três anos !) , bati com a testa na fechadura e deixei de ser chocólatra para o resto da vida. Imaginem se fossem livros, ao invés de me tornar uma devoradora de leituras, iria me afastar deles por um trauma juvenil. Portanto, na hora de pensar em um modelo de estante para crianças, pense em algo mais baixo e acessível...  
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 Aqui mais abaixo dois modelos em todo mais interessantes. Não são bem infantis porque nessa rápida pesquisa não encontrei nada apropriado. Mas a julgar pelas nossas experiências infantis, minhas e do Oscar, nem é necessário separar os livros infantis dos adultos (os que podem ser lidos, é claro). Basta que estejam ao alcance das mãozinhas e mentes ávidas por aprender. Que sejam feitas então essas armadilhas do bem.... 


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