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Mostrando postagens com o rótulo pessoas idosas

Moradias que Acolhem sem Isolar

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Introdução A longevidade humana é uma das conquistas mais expressivas das sociedades modernas. No entanto, ela impõe desafios urgentes: como garantir qualidade de vida, autonomia e pertencimento a uma população que envelhece em ritmo acelerado, especialmente em países marcados por desigualdades estruturais como o Brasil? Mais do que uma etapa final da vida, o envelhecimento é uma travessia que exige preparação, suporte coletivo e espaços que abracem as complexidades dessa jornada. Neste cenário, moradia é um tema central. Onde e como vivem as pessoas que envelhecem revela não só as escolhas urbanas e arquitetônicas de um país, mas o grau de compromisso social com a dignidade humana. Moradia e Envelhecimento: O Paradigma do Isolamento A institucionalização da velhice como resposta hegemônica às demandas do cuidado teve seu auge ao longo do século XX. O modelo das ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) foi estruturado a partir de uma lógica biomédica e assistencialista, mu...

Proteger o meio ambiente é também proteger quem envelhece

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Vamos refletir juntos sobre uma questão fundamental para a vida de todos:  O que é envelhecer bem? Para muitos de nós é ter saúde, autonomia, ar puro para respirar, sombra para caminhar, vizinhos por perto, segurança e, principalmente, paz de espírito. É poder sair de casa sem medo de alagamento, calor insuportável ou poluição. Parece simples mas já vivemos consequências de prejuízos ao meio ambiente e agora isto está ainda mais em risco. No dia 17 de julho de 2025, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2159/2021, conhecido por muitos como o PL da Devastação. Esse nome não é exagero. Porque apesar de parecer um tema técnico e distante, ele mexe diretamente com nossas vidas, nossas cidades e com o futuro de quem já viveu tanto. Vamos pensar juntos em como esse assunto diz respeito a todas as pessoas, especialmente as mais velhas. Afinal, o que muda com o PL? O PL 2159/2021 altera as regras do licenciamento ambiental, ou seja, o conjunto de exigências que empresa...

Arquitetura do afeto - habitar o futuro com o corpo inteiro

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A tecnologia sempre nos prometeu velocidade, eficiência, soluções. Mas o que acontece quando ela esquece a pele, o toque, a pausa? Quando as cidades ficam mais espertas, mas não mais gentis? A chamada Sociedade 5.0 , concebida no Japão e cada vez mais presente nos debates urbanos, propõe um caminho diferente: um futuro onde o digital não substitui o humano, mas o amplifica. Um futuro onde a tecnologia tem coração e a arquitetura escuta. Porque não basta falar de inovação: é preciso arquitetar cuidado. Habitar é mais do que ter onde estar. É se reconhecer no espaço. É sentir que ali se pode respirar com dignidade. É por isso que a arquitetura, nessa virada para a Sociedade 5.0, não pode ser mero pano de fundo. Ela deve ser matriz poética e funcional de inclusão, uma ponte entre a inteligência artificial e a sensibilidade humana. Enquanto algoritmos ajustam luzes e plataformas preveem diagnósticos, os ambientes ainda falam com o corpo. Com o tropeço, a sombra mal colocada, o cheiro d...

Arquitetura e Saúde em sintonia: Desenhando espaços para a independência da pessoa idosa

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Em um cenário de crescente longevidade, garantir que os indivíduos envelheçam com autonomia e dignidade emerge como um imperativo social. Longe de ser uma responsabilidade isolada, a manutenção da capacidade de viver de forma independente na terceira idade exige uma orquestração de conhecimentos e práticas entre diferentes campos do saber. Este artigo explora a simbiose essencial entre profissionais de arquitetura, urbanismo, design e da área da saúde – como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais – demonstrando como sua ação conjunta não apenas adapta o ambiente físico, mas também tece uma rede de suporte que fortalece o bem-estar e a liberdade da pessoa idosa. Ao apresentar exemplos concretos e destacar o potencial transformador dessa colaboração, buscamos inspirar uma prática interdisciplinar mais integrada e eficaz na construção de um futuro mais seguro e autônomo para nossos idosos. As principais ações conjuntas incluem: Adaptação e Qualificação do Ambiente Dom...

Cidade amiga da pessoa idosa

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Uma cidade amiga da pessoa idosa é aquela que promove o envelhecimento ativo, otimizando oportunidades de saúde, participação e segurança para aumentar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Em termos práticos, essa cidade adapta suas estruturas e serviços para que sejam inclusivos e acessíveis a pessoas mais velhas com diferentes necessidades e capacidades. A ideia de cidade amiga da pessoa idosa está alinhada com o enquadramento do envelhecimento ativo da OMS. Os espaços e políticas dessa cidade são pensados para proporcionar bem-estar e autonomia, abrangendo diversas áreas da vida urbana.  O Guia da OMS lista oito quesitos que certificam uma cidade como amiga da pessoa idosa: moradia, transporte, espaços abertos e construídos, apoio comunitário e serviços de saúde, comunicação e informação, respeito e inclusão social, participação social, e participação cívica e emprego. Esses tópicos são fortemente interligados e se reforçam mutuamente. Uma cidade amiga da pes...

Tecnologia e Afeto: Como a Sociedade 5.0 Inspira a Arquitetura

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  Em um mundo em acelerada transformação tecnológica, surge uma pergunta essencial para quem projeta espaços de vida: como a arquitetura pode acompanhar as mudanças sem perder o foco no humano? A resposta talvez esteja na convergência entre dois campos inovadores — Sociedade 5.0 e gerontoarquitetura. A Sociedade 5.0 nasceu no Japão em 2016, com uma proposta ousada: não apenas impulsionar a economia com tecnologia (como fez a Indústria 4.0), mas colocar o bem-estar humano no centro das inovações. Trata-se de uma sociedade superinteligente, onde o espaço físico e o ciberespaço atuam juntos para resolver desafios reais — desde a desigualdade até o envelhecimento populacional. Diferente da frieza dos sistemas automatizados, a Sociedade 5.0 propõe que a tecnologia seja empática, acessível e centrada nas pessoas. Seu alicerce está em três pilares fundamentais:  qualidade de vida,  inclusão social e  sustentabilidade.  Tudo isso impulsionado por ferramentas como Inteli...

De Casa Vazia a Comunidade Viva: O Sonho que Virou Realidade

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Ela olhou ao redor. A sala arrumada, as plantas bem cuidadas, a luz suave entrando pela janela. Tudo estava em seu lugar. Tudo, exceto a sensação de pertencimento. Os filhos haviam seguido seus próprios caminhos em outros países. Amigos, alguns já não estavam mais aqui. Outros tinham suas rotinas, suas famílias. E ela? Tinha a casa, a segurança, uma vida de classe média relativamente confortável. Mas sabia que algo precisava mudar. O medo veio primeiro. A possibilidade de uma emergência sem ninguém por perto. O risco de uma queda, de uma gripe forte, de um simples pote que não abria. Mas o medo, quando bem direcionado, pode ser um grande motor. Foi então que começou a pesquisar sobre comunidades colaborativas . Encontrou exemplos incríveis pelo mundo. Cohousings na Dinamarca, vilas intergeracionais na Holanda , modelos de moradia compartilhada no Brasil . Pessoas que decidiram envelhecer juntas , apoiando-se, sem abrir mão da independência. E se…? A pergunta ficou martelando na cabeça....