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Mostrando postagens de agosto, 2025

Porto Alegre encontra os Nórdicos: Não é sobre copiar, é sobre adaptar

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Esses dias estava refletindo sobre uma coisa que me incomoda há tempos: essa mania de pegar modelos urbanos "de primeiro mundo" e querer aplicar na nossa realidade como se fosse receita de bolo. Em urbanismo, olhar os países nórdicos, Dinamarca, Suécia, Noruega, como modelos a se imitar é muito falado.  Mas calma, não estou dizendo que devemos ignorar essas referências. Pelo contrário. O que me incomoda é essa tendência de romantizar soluções estrangeiras sem entender que cada cidade tem sua própria biografia, seus próprios ritmos, suas próprias contradições. Se até lá estes modelos não são perfeitos como muitas reportagens querem deixar crer, imagine colar de paraquedas aqui, com outra cultura e realidade socioeconômica. O modelo nórdico não é perfeito, nem mágico. É resultado de décadas de tentativa e erro, de políticas públicas consistentes e, principalmente, de uma cultura de participação cidadã que foi construída ao longo de gerações. Os caras levam a sério algumas coisa...

Tecnologia sem empatia é barreira, não solução

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  Cada vez mais sentimos a necessidade de interagir com o mundo de forma digital. São os aplicativos de conversa, as redes sociais e os sites onde, teóricamente, se resolve a vida de forma mais simples. Mas…. Sabe aquela sensação de querer resolver algo simples online? Acessar um exame, conferir um extrato, agendar um serviço e acabar afundando num mar de abas, senhas, confirmações e interfaces que parecem mais enigmas do que soluções? Pois é. Agora imagine isso acontecendo com alguém que não cresceu no meio digital. Ou pior: com alguém que já está acostumado a navegar, mas mesmo assim se sente completamente desamparado diante de uma tela. Vamos ver vários casos que tive contato em poucos meses: Caso 1 A manhã que se perdeu tentando acessar um exame: “Outro dia, passei horas tentando ver um simples exame laboratorial. Era pra ser rápido. Mas o sistema da clínica exigia cadastro novo, senha forte, verificação por SMS (que nunca chegou)... e depois de tudo isso, erro no login. Resul...

Caminhar é um direito: cidades seguras e acessíveis são mais humanas e mais inteligentes

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  Na Semana do Caminhar 2025 (03 a 09/08), celebramos o gesto mais humano e simples: o de mover-se com os próprios pés. Desde 2017 ela é realizada, incluindo o Dia Mundial do Pedestre, no dia 8 de agosto. O tema de 2025 será sobre “Ruas abertas para pessoas”. Mas será que realmente temos algo a celebrar? Se formos olhar a realidade de nossas cidades, este gesto se tornou um privilégio. Na maioria delas o que vemos são falta de acessibilidade.  Em Porto Alegre, minha cidade, a chamada revitalização do Centro Histórico revela uma ferida cruel: a arquitetura da exclusão. O que deveria ser espaço de reencontro com o urbano, como sempre se caracterizou o centro da cidade, com seus edifícios e espaços históricos, virou campo minado para pessoas cegas, com calçadas niveladas ao asfalto, pisos táteis mal posicionados e lixeiras cortantes que ferem corpos e dignidades. Tudo isso em nome de uma “modernização” que ignora os princípios básicos do desenho universal. Esta não é apenas ...