Espécies exóticas são uma ameaça?

Editora Olhares - livro


Cada vez mais vivemos em um grande jardim planetário, onde a miscigenação de espécies leva a debates sobre se as chamadas espécies invasoras seriam ou não uma ameaça. Este é o tema do livro que acabo de ler. Um interessante debate sobre o tema, com três estudiosos da área. Mas é preciso salientar que a compreensão dos conceitos de meio ambiente e ecologia é fundamental para entender e gerenciar a introdução de espécies exóticas.

A ecologia é a área da biologia que se dedica ao estudo científico dos seres vivos e suas interações com o meio ambiente em que nascem, se desenvolvem e vivem. Ela é vital para se compreender as complexas relações entre os seres humanos e, entre estes e os demais seres na cadeia natural.

O meio ambiente, por outro lado, é o conjunto representado por todas as unidades ecológicas que rodeiam e influenciam o ser vivo.

Compreender esses conceitos é crucial para entender como uma espécie exerce influência sobre outras e por que algumas delas são capazes de viver apenas em um determinado ambiente. Podemos entender também os impactos que o ser humano causa no meio ambiente e como isso pode afetar a nossa vida e de outras espécies.

Quando se trata de gerenciar a introdução de espécies exóticas, esse conhecimento pode permitir a proteção dos ambientes naturais e, assim, do próprio homem. Por exemplo, podemos prever como uma espécie exótica pode interagir com as espécies nativas e o meio ambiente. Isso pode nos ajudar a tomar medidas para prevenir impactos negativos ou até mesmo aproveitar benefícios potenciais.

Portanto, a educação ambiental é extremamente importante para aumentar a conscientização sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Ela pode contribuir para uma relação mais sustentável da sociedade com o meio ambiente.

O conceito de ecossistemas emergentes está relacionado com a ideia de que, à medida que os componentes de um sistema se combinam, são produzidas novas propriedades que antes não existiam. Isso é conhecido como o “Princípio das propriedades emergentes”. No contexto biológico, isso pode ser observado em diferentes níveis de organização, desde o nível molecular até o nível do ecossistema.

Por exemplo, no nível molecular, átomos como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio ganham propriedades novas ou emergentes quando se unem para formar macromoléculas biológicas como proteínas, lipídios, carboidratos e ácidos nucléicos. No nível do ecossistema, um ecossistema é a interação entre as comunidades de um ambiente e seus seres não vivos.

As espécies exóticas, por outro lado, são espécies animais ou vegetais que se encontram fora de sua área de distribuição natural ou histórica. Quando essas espécies oferecem ameaças às espécies nativas ou aos seres humanos, elas passam a ser chamadas de espécies exóticas invasoras. A introdução dessas espécies pode ocorrer de forma intencional ou acidental através de atividades humanas.

A introdução de espécies exóticas pode trazer diversidade aos locais em que são introduzidas. No entanto, também podem representar uma ameaça à biodiversidade local. As espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa de extinção de espécies no planeta, afetando diretamente à biodiversidade, à economia e à saúde humana. Portanto, é importante gerenciar adequadamente a introdução e a propagação dessas espécies para proteger os ecossistemas locais.

A introdução de espécies exóticas invasoras pode ter várias consequências, muitas das quais são prejudiciais para os ecossistemas locais:

Extinção de espécies: As espécies invasoras podem acabar com a existência dos animais e plantas que consomem, já que esses não estão adaptados à predação ou à voracidade do novo predador.

Alteração do ecossistema: Como consequência da sua atividade, podem alterar a cadeia trófica, os processos naturais e o funcionamento dos habitats e ecossistemas.

Impactos na biodiversidade: As espécies exóticas invasoras são a segunda causa de perda de biodiversidade no mundo.

Impactos na saúde humana: Muitas espécies podem transmitir doenças, causar alergias ou, inclusive, serem tóxicas.

Impactos econômicos: Podem provocar a redução ou desaparecimento da atividade pesqueira, perdas na atividade pecuária e na lavoura ou prejuízos para a indústria turística.

Impactos na infraestrutura: Podem entupir dutos e canos de água, irrigação e esgoto, e atrapalhar o funcionamento das usinas geradoras de energia elétrica.

É importante notar que nem todas as espécies introduzidas são invasoras. Algumas não conseguem se adaptar ao meio nem se proliferar em liberdade, tal como ocorre com muitos animais de fazenda e plantas de jardim, não representando nenhuma ameaça para o resto do território. Outras conseguem adaptar-se e expandir-se sem prejudicar o ecossistema, como a batata e o milho, transformando-se assim em espécies estabelecidas.

Embora a introdução de espécies exóticas possa ter consequências negativas, existem alguns casos em que a introdução de espécies exóticas pode ter benefícios. No entanto, é importante notar que esses benefícios geralmente são intencionais e o resultado de um planejamento cuidadoso. Aqui estão alguns exemplos:

Agricultura e pastagem: Muitas das plantas que cultivamos para alimentação, como trigo, milho e batatas, são espécies exóticas em muitos lugares onde são cultivadas.

Controle biológico: Às vezes, uma espécie exótica é introduzida para controlar outra espécie exótica que se tornou problemática. Por exemplo, a joaninha asiática foi introduzida na América do Norte para controlar pulgões.

Melhoria da paisagem e recreação: Algumas espécies exóticas são introduzidas para fins estéticos ou recreativos. Por exemplo, muitas das árvores e flores em nossos parques e jardins são espécies exóticas.

No entanto, mesmo quando a introdução de uma espécie exótica é bem-intencionada, pode haver consequências não intencionais. Portanto, é crucial que qualquer introdução de espécies exóticas seja cuidadosamente gerenciada e monitorada.

Editora Olhares - livro


“Espécies exóticas, uma ameaça?” é um livro que aborda este tema complexo e atual: a movimentação de espécies no planeta. O livro é um debate entre três especialistas em suas respectivas áreas: Gilles Clément, Francis Hallé e François Letourneux.

Gilles Clément é um jardineiro, paisagista, botânico, entomologista, biólogo e escritor francês. Ele nasceu em Argenton-sur-Creuse, na França, em 194312. Clément é conhecido por ser o autor de vários conceitos no âmbito do paisagismo do final do século XX ou início do século XXI, nomeadamente, ‘jardim móvel’ (jardin en mouvement), ‘jardim planetário’ (jardin planétaire) e ‘terceiro cenário’ (níveis de pagamento). 

Francis Hallé é um botânico e biólogo francês especializado em florestas tropicais e arquitetura de árvores. Ele é mais conhecido pela primeira “Radeau des cimes” (“Navegando nos picos”) que iniciou com um balão aerostático em 1986.

François Letourneux é um profissional dedicado à proteção da fauna e flora há mais de quarenta anos, com uma vasta experiência e conhecimento em ecologia e conservação.

No livro, os autores discutem se a mistura de plantas e animais é benéfica ou desastrosa para o meio ambiente. Eles reconhecem que a grande “mistura planetária dos seres vivos” tem acelerado significativamente nas últimas décadas devido ao aumento das atividades humanas no planeta. Isso cria perturbações ecológicas, mas também oportunidades para novos “ecossistemas emergentes” resultantes desses encontros. Enquanto uma parte da diversidade biológica sofre com isso, outra parte se beneficia.

Através de uma discussão aprofundada e bem fundamentada, os autores conseguem apresentar diferentes perspectivas sobre o assunto, tornando o livro uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em ecologia e conservação.

A força do livro reside na sua capacidade de apresentar um tema complexo de forma acessível e envolvente. Os autores conseguem equilibrar a profundidade científica com uma linguagem clara e compreensível, tornando o livro tanto informativo quanto agradável de ler.





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