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Negando o que se é

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A   violência não é apenas física, ela é algumas vezes muito sutil, uma forma de moldar um comportamento, tão perniciosa quanto porque as marcas são internas e se revelam em estresse, em negação de si, em culpa por ser o que se é. Vencer isso exige esforço que poderia ser direcionado para outras conquistas. Veja mais AQUI Sou pequena Sou tão frágil, tão coisa pequeninha Tão comum, tão criancinha. Sou menina esforçada Só querendo ser amada Sou criança comportada Não digo não, não grito Não desacato. Aceito seu desejo, Tento conhecer seu segredo Tento ser como você me queria Tento ser inteligente, séria, alegre e divertida Boas notas na escola e um monte de trabalho E a aparência impecável de menina fina E perfeita. Senso moral elevado (e o desejo amassado) Tento ser assexuada, tento ser mulher negada Tento ser ativa, eficiente, atenciosa, obediente Me desculpa se não consigo Se às vezes arrebento. Te juro: eu tento. ...

A complicada arte de ver - Rubem Alves

Belo texto. Faz parte da minha busca pelos sentidos, ver, ouvir... Rubem Alves: A complicada arte de ver Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto." Ela se ca...

Fazer o novo

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Li esse texto em uma lista de arquitetura. enviado pelo colega Vinicius Goncalves. Achei muito interessante pela reflexão que traz e resolvi compartilhar com todos. Vale a leitura.   FAZER O NOVO Por Antonio Caramelo* Fazer o novo a cada projeto é o que o mercado espera de quem acumulou experiências fazendo arquitetura há anos, tendo o hábito de sempre surpreender a partir de uma base sólida com projetos inéditos e inabaláveis diante dos adjetivos superlativos com os quais tentam homenageá-lo ou testá-lo à exaustão. Mas, será que alguém já se perguntou onde está verdadeiramente "o novo" nos projetos arquitetônicos que vimos por aí nos últimos anos? O mais apressado diria que poderá ser visto ao folhear as páginas da última edição do "Architecture Now" onde estão as incontáveis maravilhas que estão sendo erguidas mundo afora, carregadas de ousadias e pretensões, num enorme desperdício construtivo em nome da forma e um desmensurado desafio a gravidade com...