tag:blogger.com,1999:blog-8274769.post6643941880284567394..comments2024-03-15T17:34:52.963-03:00Comments on ARQUITETANDO IDEIAS: Verdejando e amarelandoElenara Stein Leitãohttp://www.blogger.com/profile/11735144405839616394noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-8274769.post-22218600464896577872014-09-09T08:33:42.093-03:002014-09-09T08:33:42.093-03:00Grande poetinha, escrevia em seus tempos de diplom...Grande poetinha, escrevia em seus tempos de diplomata a saudade da terra amada, tantas vezes posta de escanteio por tantos que dela quem direitos mas se negam aos deveres de cidadania. Abraços Elenara Stein Leitãohttps://www.blogger.com/profile/11735144405839616394noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8274769.post-80481013222188991842014-09-08T14:47:33.422-03:002014-09-08T14:47:33.422-03:00A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçur...A minha pátria é como se não fosse, é íntima<br />Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo<br />É minha pátria. Por isso, no exílio<br />Assistindo dormir meu filho<br />Choro de saudades de minha pátria.<br /><br />Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:<br />Não sei. De fato, não sei<br />Como, por que e quando a minha pátria<br />Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água<br />Que elaboram e liquefazem a minha mágoa<br />Em longas lágrimas amargas.<br />Vontade de beijar os olhos de minha pátria<br />De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...<br />Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias<br />De minha pátria, de minha pátria sem sapatos<br />E sem meias pátria minha<br />Tão pobrinha!<br /><br />Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho<br />Pátria, eu semente que nasci do vento<br />Eu que não vou e não venho, eu que permaneço<br />Em contato com a dor do tempo, eu elemento<br />De ligação entre a ação o pensamento<br />Eu fio invisível no espaço de todo adeus<br />Eu, o sem Deus!<br /><br />Tenho-te no entanto em mim como um gemido<br />De flor; tenho-te como um amor morrido<br />A quem se jurou; tenho-te como uma fé<br />Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito<br />Nesta sala estrangeira com lareira<br />E sem pé-direito.<br /><br />Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra<br />Quando tudo passou a ser infinito e nada terra<br />E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu<br />Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz<br />À espera de ver surgir a Cruz do Sul<br />Que eu sabia, mas amanheceu...<br /><br />Fonte de mel, bicho triste, pátria minha<br />Amada, idolatrada, salve, salve!<br />Que mais doce esperança acorrentada<br />O não poder dizer-te: aguarda...<br />Não tardo!<br /><br />Quero rever-te, pátria minha, e para <br />Rever-te me esqueci de tudo<br />Fui cego, estropiado, surdo, mudo<br />Vi minha humilde morte cara a cara<br />Rasguei poemas, mulheres, horizontes<br />Fiquei simples, sem fontes.<br /><br />Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta<br />Lábaro não; a minha pátria é desolação<br />De caminhos, a minha pátria é terra sedenta<br />E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular<br />Que bebe nuvem, come terra <br />E urina mar.<br /><br />Mais do que a mais garrida a minha pátria tem<br />Uma quentura, um querer bem, um bem<br />Um libertas quae sera tamem<br />Que um dia traduzi num exame escrito:<br />"Liberta que serás também"<br />E repito!<br /><br />Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa<br />Que brinca em teus cabelos e te alisa<br />Pátria minha, e perfuma o teu chão...<br />Que vontade de adormecer-me<br />Entre teus doces montes, pátria minha<br />Atento à fome em tuas entranhas<br />E ao batuque em teu coração.<br /><br />Não te direi o nome, pátria minha<br />Teu nome é pátria amada, é patriazinha<br />Não rima com mãe gentil<br />Vives em mim como uma filha, que és<br />Uma ilha de ternura: a Ilha <br />Brasil, talvez.<br /><br />Agora chamarei a amiga cotovia<br />E pedirei que peça ao rouxinol do dia<br />Que peça ao sabiá<br />Para levar-te presto este avigrama:<br />"Pátria minha, saudades de quem te ama...<br />Vinicius de Moraes."Oscar Müllerhttps://www.blogger.com/profile/07381978212803241748noreply@blogger.com