Luxo na arquitetura - dois exemplos

Nem sempre consigo uma tarde inteira para sentar e descansar sem fazer nada. Vocês conseguem? Se sim, me contem como. Pois ontem o dia foi de ficar assim, curtindo a ociosidade. É que eu geralmente faço muitas coisas ao mesmo tempo: ler, ver tv, navegar, comer...O tempo é precioso. Talvez por isso já se tenha dito que um dos maiores luxos da era moderna seja justamente ele: o tempo.

Luxo...o que seria exatamente o luxo nos dias de hoje? O caro? O ostensivo? Aquilo que quase ninguém pode ter?
...Por estar associado à qualidade, diferença, raridade, satisfação pessoal, reconhecimento, à preferência, ao desejo, ao inatingível, pode-se dizer que o luxo é uma diferenciação com custo mais elevado (Shermach, 1997; Castarède, 2005). (Fonte)
Pensei nisso vendo dois projetos que me chamaram a atenção ontem. 

O primeiro uma casa premiada de Marcio Kogan, a Paraty House. Para quem acompanha as redes sociais nas notícias mais políticas deve ter visto uma polêmica sobre a propriedade dessa casa. Uns dizem ser de pessoas muito poderosas, essas pessoas negam e dizem ser de uma empresa. Enquanto não se esclarece de quem é realmente essa casa, vamos falar sobre ela.

Um local paradisíaco, uma construção de 840 m2 em um terreno de 50 mil m2 (!). Vi um vídeo onde o arquiteto diz que foi chamado pelos clientes para projetar uma casa na ilha. E chegou falando em uma casinha, telhadinho e foi cortado com um: se continuar com isso está demitido. 

Partindo dessa premissa do desejo dos clientes de algo mais significativo, o arquiteto chegou ao conceito que é simples: dois volumes de concreto que se encaixam na topografia da ilha. Uma construção elegante que revela o luxo da alta tecnologia disponível para pessoas de bom gosto e com posses financeiras. Atributos que, aliás, nem sempre andam juntos. 

Os volumes e os interiores da Paraty House, repletos do que de melhor o design pode produzir, são amplamente fotografados e estão disponíveis em vários sites de arquitetura. Um luxo!
   
O segundo vi em um programa chamado Casa Brasileira. Uma empresária tinha uma área em Corumbau na Bahia. Era onde queria ficar na aposentadoria. Com o tempo resolveu transformar em um hotel. E fez.....casinhas típicas do local, com . Obviamente que foi feito um projeto com o arquiteto Roberto Marques que conseguiu fazer do Vila Naiá um local requintado sem parecer ser. O luxo está nas oito casas de arquitetura caiçara, no apelo sustentável e no respeito pela natureza que foi preservada.      
Seguindo o conceito de excelência que, para os gregos, era sinônimo de bom, belo e verdadeiro, e tendo em mente o conceito de original no sentido de retorno a uma origem, a uma raiz, a estruturação do projeto foi norteada pela intenção de se manter um padrão internacional mas ao mesmo tempo oferecer ao hóspede a experiência da personalização e da imersão no contexto local. Diferentemente de se entrar em um hotel que pode estar em qualquer lugar do mundo, que não remete ao contexto, às características e à história do destino da viagem, a particularidade está em vivenciar o lugar onde se está hospedado, seguindo o novo conceito de luxo. (Fonte)
Fiquei pensando em como o luxo pode ser vivenciado de diferentes formas. Pode ser exclusivo, pode ser compartilhado. Pode ser visto em construções contemporâneas, tecnológicas e premiadas. Pode ser experimentado de forma mais simples, seguindo as tradições locais e encantando justamente por mostrar que as pessoas podem viver sem muitas das coisas que julgam indispensáveis. 

Mas uma coisa é certa: de forma particular ou mais pública, luxo ainda é para muito poucos.


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